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Aranha

Aranha-Marron  – Loxosceles  é um gênero de aracnídeos venenosos pertencentes à família Sicariidae, conhecidos pela sua picada necrosante. Os membros destes gêneros são conhecidos pelos nomes comuns de aranhas-marrom (Brasil) ou aranhas-violino. As espécies do gênero Loxosceles têm um comprimento total de 3 a 4 cm, sendo que um terço é o corpo, de coloração tipicamente acastanhada. Apresentam seis olhos, de cor esbranquiçada. Algumas apresentam o desenho de uma estrela no cefalotórax. As teias são pequenas e irregulares apenas forrando quase invisivelmente o chão e arredores de seu esconderijo, servindo como cordões de alarme. Têm como característica a peregrinação noturna e a alta atividade no verão. Durante o dia permanecem escondidas sob cascas de árvores e folhas secas de palmeira – na natureza – ou atrás de móveis, de coisas encostadas às paredes, em sótãos, porões e garagens – no ambiente doméstico.

São aranhas pouco agressivas, dificilmente atacam pessoas. As picadas ocorrem como forma de defesa, quando macho ou fêmea (ambos peçonhentos) são comprimidos contra o corpo, durante o sono, no momento do uso das vestimentas (calçando um sapato, por exemplo) ou no manuseio de objetos de trabalho (como enxadas e pás guardadas em locais escuros). A fêmea normalmente possui o abdome aproximadamente 2x maior que o macho.

No ato da picada há pouca ou nenhuma dor e a marca é praticamente imperceptível. Depois de 12 a 14 horas ocorre um inchaço acompanhado de vermelhidão na região (edema e eritema, respectivamente), que pode ou não coçar. Também pode ocorrer escurecimento da urina e febre. Os dois quadros distintos conhecidos são o loxoscelismo cutâneo (o que normalmente ocorre, onde há a picada na pele) e o cutâneo-visceral (com lesão cutânea associada a uma hemólise intravascular).

Com o avanço (sem tratamento) da picada, o veneno (dependendo da quantidade inoculada) pode causar necrose do tecido atingido, falência renal e, em alguns casos, morte. Somente foram detectados casos de morte – cerca de 1,5% do total – nos incidentes com L. laeta e L. intermedia.

Logo após a picada é indicado lavar o local com água e sabão abundantes e não fazer torniquetes, para evitar a gangrena do veneno e minimizar os efeitos da necrose. É interessante que a região da picada fique em repouso, dificultando a absorção do veneno. Não convém furar, cortar, queimar ou espremer. Também não é indicado fazer sucção no local da ferida nem aplicar extratos naturais. Não se recomenda a ingestão de bebidas alcoólicas. O procedimento padrão é levar a vítima ao serviço de saúde próximo o mais rápido possível, levando a aranha (morta ou viva) para identificação de espécie e confirmação da necessidade de soro. Vale lembrar que tais procedimentos servem para qualquer ataque de animal peçonhento.

O soro utilizado para combater a picada desta aranha é composto de Antihistamínico/anticolinesterásico/dapsona e 5 ampolas de soro antiaracnideo polivalente ou soro antiloxosceles EV, que deverá ser ministrado ao paciente até 36 horas depois do acidente com a aranha.

Um dos predadores naturais da aranha-marrom (Loxosceles sp.) é a lagartixa (Hemidactylus mabouia). Contudo, ela sozinha não é capaz de exterminá-las.

O sistema nervoso central das aranhas, é mais centralizado do que o que ocorre na generalidade dos artrópodes: todos os gânglios dos segmentos atrás do esófago são fundidos. Dessa forma, o cefalotórax é amplamente preenchido por tecido nervoso e não há gânglios no abdómen.

As aranhas possuem órgãos sensoriais bem desenvolvidos. Na maioria das espécies a visão exerce um papel secundário no seu comportamento, pois são capazes, por exemplo, de capturar presas na total ausência de luz. Porém, algumas aranhas dependem grandemente da visão, podendo esta ser um sentido vital em diversos aspectos, incluindo o reconhecimento de co-específicos

Todas as aranhas são capazes de produzir teias, para os mais diversos usos, mas o uso mais conhecido é o de matéria-prima para a construção de armadilhas para as presas. A estrutura e funcionamento dessas armadilhas variam muito entre diferentes grupos de aranhas.

Aranhas reproduzem-se sexuadamente e a fertilização é interna, mas indireta. Ao contrário de muitos artrópodes terrestres, aranhas macho não produzem espermatóforos prontos, mas tecem pequenas teias onde eles ejaculam e assim transferem o esperma para os pedipalpos.

O termo aracnidismo significa envenenamento ocasionado pela mordida de um aracnídeo peçonhento, por exemplo, uma aranha ou escorpião.

O estabelecimento e adensamento de áreas urbanas tornam os habitats nativos cada vez mais fragmentados. Mas, apesar disso, muitas espécies sinantrópicas ocupam as cidades, e as aranhas constituem um grupo especialmente abundante dentro dos artrópodes, o que pode estar relacionado à sua alta capacidade de dispersão e hábitos alimentares relativamente generalistas. Esta urbanização das aranhas, apesar de significar sobrevivência e aumento da diversidade para elas, pode representar um perigo à população humana com relação aos acidentes com aranhas venenosas.

A toxicidade do veneno das aranhas é variável, sendo capaz de produzir alterações fisiopatológicas nos seres humanos e necessitando de intervenção médica.

Com excepção das aranhas da família Uloboridae, todas as aranhas são peçonhentas. A Organização Mundial de Saúde considera somente quatro gêneros com espécies de importância médica no mundo: Latrodectus (família Theridiidae), Loxosceles (Sicariidae), Phoneutria (Ctenidae), todas Araneomorphae e Atrax (Hexathelidae – Mygalomorphae). No Brasil, o Ministério da Saúde indica apenas três gêneros que apresentam espécies de importância médica: Phoneutria (família Ctenidae), Loxosceles (Sicariidae) e Latrodectus(Theridiidae), todas da subordem Araneomorphae.

A lesão cutânea surge horas após a picada por Loxosceles, com eritema e edema, evoluindo com dor, equimose, palidez (“placa marmórea”) e necrose. Pode haver, mais raramente, hemólise intravascular e insuficiência renal aguda. O tratamento é feito com soro antiloxoscélico ou antiaracnídico.

A picada por Phoneutria causa dor imediata, edema, parestesia e sudorese. O quadro sistemico é raro, presente em crianças com idade inferior a sete anos, com instabilidade hemodinâmica, edema pulmonar agudo e choque. Nesses casos é indicado o soro antiaracnídico.

A picada por Latrodectus causa dor local imediata progressiva, sudorese, hipertensão arterial, taquicardia, contrações musculares, bradicardia e choque. Não há soro específico disponível.